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Niterói, Rio de Janeiro, Brazil


Formado técnico em contabilidade no ano de 1972 e bacharel em ciências contábeis no ano de 1991.

Auditor certificado pelo CRC-RJ.

Carreira profissional iniciada do PRODERJ, seguindo-se CRUZEIRO DO SUL e VARIG.

Atualmente lidera o time de profissionais da NITSERVICE - Niterói Serviços Empresariais Sociedade Limitada (marca fantasia: Consultoria Rio Apa).

Possui diversos trabalhos de interesse publicados em revistas especializadas.

Participou e participa ativamente em cargos de direção de associações civis com detaque para as seguintes: Iate Clube Icaraí, Federação de Vela do Estado do Rio de Janeiro, Rio Vela Clube, Iate Clube de Ramos, União dos Escoteiros do Brasil - Região RJ e Associação dos Veleiros da Classe Sharpie.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Niterói; IDH altíssimo e Maior Renda “Per Capta” do Brasil (onde a Revista Veja Errou?)

Niterói; IDH altíssimo e Maior Renda “Per Capta” do Brasil (onde a Revista Veja Errou?)

A revista Veja- edição 2241-  em matéria publicada a partir da página  144 traça um perfil das cidades brasileiras onde é alto o IDH e coloca a cidade de Niterói no topo do ranking. A cidade teve direito até a chamada de capa com fotografia do MAC e tudo; o título sugestivo foi: “As campeãs da riqueza e do bem estar”. Niterói esta registrada nas páginas 158 e 159.

A rigor veja só acertou em um aspecto ao comentar que nos finais de semana as velas de centenas de embarcações salpicam de branco o mar de Niterói. A cidade conta com seis clubes náuticos além dos projetos sociais Grael e Pré-Vela, que fazem de Niterói a maior concentração do mundo de clubes e associações náuticas por volume de água. E é só.

O foco da matéria é a altíssima renda “per capita” da cidade que a coloca em primeiro lugar no país inteiro. Mas onde a Veja errou? Simplesmente veja se baseou em estatísticas, mandou um repórter dar um passeio rápido pela cidade e parou por aí.

Tivesse a revista um mínimo de curiosidade e constataria que a rede de água e esgoto da cidade, assim como a rede de escoamento pluvial, são ultrapassadas, com mais de 40 anos de construção, não suportando mais o volume de novas construções que graça pelo território niteroiense. Constataria que a cidade não possui sistema viário compatível com seus quase 500.000 habitantes; ruas que mais parecem travessas, avenidas que parecem ruas, estreitas, apertadas e que não dão vazão ao fluxo de veículos da cidade, calçamento em péssimo estado de conservação, salvo as maquiadas praia de Icaraí, Álvares de Azevedo, Fagundes Varela e Doutor March. Transporte coletivo ineficiente sem atender necessidades mínimas dos residentes; como exemplo quem mora em Santa Rosa não consegue chegar a São Francisco sem utilizar pelo menos duas empresas de ônibus. Mas não para por aí, vejamos mais.

Educação: Para quem pode pagar, e bem caro, pois afinal é a maior renda “per capitã” do país, temos um excelente complexo de ensino para primeiros e segundo graus formado principalmente pelos colégios Abel, Salesiano, Assunção, São Vicente de Paulo e Nossa Senhora das Mercês, mas e quem não pode pagar? A rede pública tanto municipal, estadual ou federal é deplorável. Podemos afirmar que o mesmo ocorre com o ensino superior que possui a Universidade Federal Fluminense que é escola de excelência, umas duas ou no máximo três universidades particulares que são de regular a boa; mais outras tantas universidades e uma gama de faculdades de segunda e terceira linha que primam pela característica de ser “caça-níquel”.

Saúde: Inexistem redes públicas de qualidade em qualquer nível e o hospital universitário Antonio Pedro (federal) se desdobra como pode para atender a população da cidade e dos municípios vizinhos; hospitais estaduais de péssima qualidade e atendimento; rede municipal formada apenas por apenas policlínicas e pequenas clínicas. Quem pode pagar caro por um plano de saúde – afinal somos a maior renda “per capita” do país – sofre com o atendimento dos hospitais particulares onde as emergências estão sempre lotadas e o atendimento pode demorar até longas 4 horas; leitos de UTI quase nunca existem disponíveis na cidade.

Turismo: Fala-se de boca cheia a respeito do caminho Niemayer como atração internacional; reparem que o MAC e a estação hidroviária de Charitas são a rigor as únicas peças concluídas, pois as demais se não estão em construção a mais de 15 anos foram concluídas de qualquer jeito de tal maneira que o Teatro de Artes Populares fechou para reformas de reestruturação, pois o espaço foi construído de maneira errada na concepção do seu projeto; no mais, construído no aterro da praia grande, o caminho é um amontoado de prédios inacabados e cercado por mato e lixo de todos os lados. No aspecto gastronômico, tão decantado e cantado em versa e prosa, quem pode garantir que os dois mais badalados – o Bistrô MAC e o Olímpo – figuram em algum guia estrelado conceituado? No mais é um conjunto de barzinhos e pequenos restaurantes de mediados para regulares a fracos, todos com preços exorbitantes, pois somos a cidade com a maior renda “per capita” do país; nem vamos falar de cinemas, pois uma cidade com quase 500.000 habitantes não pode contar com apenas com as 7 salas do Plaza Shopping e mais 2 salas do shopping Market ou uma sala para cada 71.500 habitantes. Nem vamos falar em teatros, pois os três da cidade deixam a desejar.

Comércio: Uma lástima; alicerçado pelos shoppings Plaza e Itaipu Multi Center e mais meia dúvida de galerias com 1º e 2º piso são caros e com poucas boas opções de compras; apenas para citar um exemplo como comparação a cidade de Campinas (a terceira do Brasil em renda) possui o Iguatemi que é no mínimo duas vezes maior que todos os shoppings de Niterói juntos, porém por lá ainda existe o Campinas Shopping talvez equivalente a dois Plazas e existe também o Dom Pedro que deixei por último por ser simplesmente o maior shopping da américa latina. Caso os leitores deste blog tenham curiosidade podem acessar  de acessar este link da secretaria de fazenda do estado -  http://www.fazenda.rj.gov.br/portal/index.portal?_nfpb=true&_pageLabel=ipm&file=/informacao/ipm/demonstrativos/indices_definitivos.shtml - verão que o índice de participação do município na arrecadação total do ICMS é de míseros 2,309% em 2011; apenas o oitavo colocado no IPM. E olha que o IPM não contempla apenas o comércio, mas sim toda a mercadoria que circula pela cidade.

Empregos: Bem, se Niterói é a maior renda “per capita” do país então é uma cidade farta de empregos, devem pensar os leitores da matéria. A cidade não tem empregos, a cidade não gera empregos que justifiquem a renda, quase todas as vagas abertas no mercado de trabalho da cidade estão concentradas nos estaleiros o que vamos convir não é nenhum exemplo para aumento renda alta.

Construção Civil: Em alta. Existem na cidade mais de noventa obras em andamento e quase duas centenas autorizadas o que levou a intervenção do ministério público para judicialmente suspender novos empreendimentos em Icaraí e no inventado jardim Icaraí sem que se apresente estudos de impacto ambiental. Tradicionalmente a Avenida Estácio de Sá (hoje Roberto Silveira) era a fronteira entre os bairros de Icaraí e Santa Rosa, porém por questões mercadológicas inventaram o Jardim Icaraí e agora o novíssimo Recantos de Santa Rosa. Como se construir tanto na cidade sem investimentos em saneamento, vias de circulação, transporte, educação, saúde, turismo, comércio e geração de empregos? O que esta gente toda irá fazer em Niterói?

Nada.

Esqueceu-se a revista Veja de informar que Niterói é uma “CIDADE DORMITÓRIO” e que a sua elevadíssima renda “per capita” é gerada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Bastava ao autor da matéria – ou seu enviado a Niterói – olhar as intermináveis filas nos horários do pico nas estações hidroviárias do centro de Niterói e da Praça XV; bastava talvez transitar na ponte no sentido Niterói-Rio dás 6 horas até as 10 horas da manhã, ou no sentido inverso das 17 horas até as 21 horas, neste segundo caso o trânsito simplesmente não se movimenta; as barcas são um capítulo à parte em ineficiência, desconforto, insegurança e desrespeito ao consumidor. Niterói é uma cidade dormitório que não gera renda, não gera impostos – a não ser o altíssimo IPTU que é um dos maiores do país – como se esperava. A prefeitura implantou recentemente a NFel (nota fiscal eletrônica) e pelas suas previsões haveriam certa de 30.000 cadastramentos. Pois bem, no momento em que escrevo para este blog o total de autorizados é na ordem de 5.709 e o total de NFel emitidas é de 1.386, uma média de 138,6 notas por dia. Vá lá que os grandes prestadores de serviços ainda não estejam emitindo estas notas, mas com certeza chegar aos 30.000 contribuintes será missão impossível.

Bem, Veja prestou um serviço às avessas para a cidade; com certeza mais algumas dezenas de milhares de brasileiros irão migrar para o novo eldorado brasileiro como disse a revista ou uma campeã de riqueza e bem estar.

Parabéns à vela de Niterói, sempre diferente da cidade, sempre sem apoio das autoridades da cidade, sempre sem apoio da iniciativa privada da cidade, mas sempre campeã. Para quem não sabe neste instante uma equipe de vela pré-olímpica da cidade busca desesperadamente patrocinadores para a sua campanha olímpica, algum mecenas que colabore na caríssima campanha olímpica das meninas do Iate Clube Brasileiro. Quem quiser saber mais sobre estas meninas acesse o link http://equipeitapucamatchrace.blogspot.com/ ou aqui mesmo no facebook de uma espiadinha em: https://www.facebook.com/#!/pages/Equipe-Itapuca-de-Match-Race/150448275032497.

Até qualquer hora.