Comentarista
- Antonio Luis Rio Apa
- Niterói, Rio de Janeiro, Brazil
Formado técnico em contabilidade no ano de 1972 e bacharel em ciências contábeis no ano de 1991.
Auditor certificado pelo CRC-RJ.
Carreira profissional iniciada do PRODERJ, seguindo-se CRUZEIRO DO SUL e VARIG.
Atualmente lidera o time de profissionais da NITSERVICE - Niterói Serviços Empresariais Sociedade Limitada (marca fantasia: Consultoria Rio Apa).
Possui diversos trabalhos de interesse publicados em revistas especializadas.
Participou e participa ativamente em cargos de direção de associações civis com detaque para as seguintes: Iate Clube Icaraí, Federação de Vela do Estado do Rio de Janeiro, Rio Vela Clube, Iate Clube de Ramos, União dos Escoteiros do Brasil - Região RJ e Associação dos Veleiros da Classe Sharpie.
sábado, 21 de dezembro de 2013
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
A Contabilidade Criativa e sua Utilização pelo Governo Brasileiro
Origens do Termo
Atualmente
distingue-se claramente duas correntes de estudos, a norte-americana e a europeia.
O
termo contabilidade criativa é originalmente americano earnings
management, todavia as correntes de estudo traduzem de forma distinta tal
termo, a europeia por exemplo, traduz earnings management como contabilidade
criativa e a norte-americana como gerenciamento de resultados.
As
traduções, além de serem distintas, possuem conotações diferentes, os que a
consideram uma manipulação propriamente dita, com a finalidade exclusiva de
alteração da real situação patrimonial, financeira e/ou econômica da entidade, utilizam o termo contabilidade
criativa. Enquanto os que acreditam que a sua aplicabilidade consiste em uma estratégia contábil, decorrente de um conhecimento
considerável da matéria em questão, e não um manejo das contas, adotam o termo gerenciamento de resultados.
Efeitos
Aproveitando-se
das flexibilidades existentes nas normas contábeis, a utilização da
contabilidade criativa acarreta distorções relevantes nos demonstrativos
contábeis. O que deveria ser um processo neutro, o de reportar as informações contábeis, está sujeito a alterações. Prova disso foram os casos da Enron e Parmalat onde, pela utilização de práticas criativas em
seus demonstrativos contábeis, as empresas acarretaram aos usuários e a
sociedade prejuízos de um modo geral; e agora
mais recentemente do governo brasileiro.
O
que não se pode definir até o momento é se, a prática de contabilidade criativa
é uma fraude contábil, pois ela está focada principalmente nas
flexibilidades presentes nas normativas contábeis.
A
contabilidade criativa é a utilização de normas contabilísticas aceites (em
vigor) de uma forma flexível e possível porque nas normas existem omissões e/ou
diferentes possibilidades de interpretação, o que leva a práticas diferentes
daquelas que era suposto vigorar (diferença entre o espírito da lei e a letra
da lei).
Objetivos
Os
objetivos da contabilidade criativa subdividem-se em 3 grandes grupos, cada um
deles com práticas específicas:
·
melhorar a imagem da organização;
·
·
estabilizar a imagem da organização ao longo do
tempo;
·
·
debilitar ou piorar a imagem da organização.
Fatores facilitadores
Fatores
que facilitam a existência das práticas de contabilidade criativa:
·
Assimetria da informação entre quem elabora e quem analisa as
peças contabilísticas e financeiras.
·
·
Aspectos relacionados com o comportamento (as
diferentes personalidades, os valores culturais).
·
·
As características das normas contabilísticas.
Implicações da contabilidade
criativa
As
implicações são distintas conforme o tipo de utilizador. A situação mais
preocupante é aquela que ocorre com o processo de tomada de decisão: se os
dados que sustentam o processo de tomada de decisão foram objeto de trabalho
criativo, é de esperar que as decisões tomadas não sejam as adequadas e
necessariamente válidas se comparadas com as que se produziram baseadas em
dados reais. O processo criativo é assim uma ameaça à integridade da informação
contabilística capaz de distorcer o objetivo dessa mesma informação: sistema de informação para
a tomada de decisões. A situação mais curiosa é que as pessoas que mais
necessidade têm de uma informação contabilística credível, são aquelas que
contribuem para a generalização da sua prática, invalidando assim o rigor do
seu trabalho.
Soluções para a contabilidade
criativa
É
impossível acabar com a contabilidade criativa porque não existem formas objetivas
de determinar a sua prática e portanto, não é possível solucionar um problema
que efetivamente não se conhece. Tomando o que foi dito anteriormente, apenas é
possível tentar perceber indícios de existência como seja:
1.
A utilização dos métodos quantitativos;
2.
A utilização de medidas não financeiras de
avaliação.
Todavia
há que entender que uma vez postas em prática estas metodologias nada nos garantem que não se continuem os
trabalhos criativos, pelo contrário, tornam-se mais sofisticados e
consequentemente mais difíceis de detectar.
Como o Governo Utiliza a
Contabilidade Criativa
O
Governo possui metas a cumprir e uma das mais importantes e o superávit primário
que vem a ser o resultado positivo do governo antes do pagamento de suas
dívidas externas. Não se precisa de olhos de lince ou grande expertise na
matéria para sabermos que o governo mascara números ou se utiliza da
contabilidade criativa para alcançar o superávit desejado.
As páginas de economia dos periódicos
brasileiros, assim como as revistas semanais, de economia ou não, e os
comentaristas das mídias, falada e televisada, não cansam de mostrar exemplos
que o governo insiste em negar se tratar de contabilidade criativa.
Um
bom exemplo que podemos usar é a venda da plataforma P-55 de exploração de
petróleo e gás cuja exportação somou US$1,9 bilhão e puxou o superávit de US$1,85 bilhão da balança comercial
divulgado em outubro passado. A plataforma vendida para uma subsidiária da
própria Petrobras nem levantará âncoras, permanecerá no mesmo local em que está
e com as mesmas atividades. A plataforma por sua vez foi emprestada para a
Petrobrás sem nenhum ônus para a petroleira brasileira e como a venda é a
longuíssimo prazo dinheiro que é bom não entrou pois a maioria da dívida será
amortizado em créditos que a subsidiária possui junto a matriz.
Fica claro que uma empresa privada
jamais faria tal operação, pois assim o fazendo o imposto que deveria ser pago
ao governo é extraordinário, isto porque do valor recebido e deduzido o custo
de aquisição teríamos sobre o saldo um imposto de venda sobre a alienação do
ativo de 15%; o que vale para o governo não vale para o empresário.
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