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Niterói, Rio de Janeiro, Brazil


Formado técnico em contabilidade no ano de 1972 e bacharel em ciências contábeis no ano de 1991.

Auditor certificado pelo CRC-RJ.

Carreira profissional iniciada do PRODERJ, seguindo-se CRUZEIRO DO SUL e VARIG.

Atualmente lidera o time de profissionais da NITSERVICE - Niterói Serviços Empresariais Sociedade Limitada (marca fantasia: Consultoria Rio Apa).

Possui diversos trabalhos de interesse publicados em revistas especializadas.

Participou e participa ativamente em cargos de direção de associações civis com detaque para as seguintes: Iate Clube Icaraí, Federação de Vela do Estado do Rio de Janeiro, Rio Vela Clube, Iate Clube de Ramos, União dos Escoteiros do Brasil - Região RJ e Associação dos Veleiros da Classe Sharpie.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Pratique A Economia Familiar

            Fui procurado tempos atrás por um casal, dois filhos, que praticamente se encontravam em deplorável estado emocional; haviam sido encaminhados por um amigo comum para aconselharem-se comigo; o motivo: dívidas e mais dívidas que já comprometiam mais de 100% da renda familiar mensal.

            Pensei comigo mesmo: pula fora; isto é caso perdido; sabe-se lá o que é começar o mês sabendo que os rendimentos não pagam as dívidas já contraídas? E a comida como fica?

            Bem, como não poderia deixar de atender já que quem os havia encaminhado é amigo pessoal; resolvi aceitar a tarefa.

            Começamos pelos cartões de crédito que estavam todos os três, com seus limites estourados e o pagamento mensal era sempre feito pelo mínimo. Aqui duas soluções podem ser apresentadas, a primeira uma ação judicial contra as operadoras pela prática de juros abusivos já que os juros são compostos, ou seja, mensalmente incide juros sobre os juros; é causa ganha, porém seu acesso a crédito futuro será impossível, já que é regra seu nome ficar em uma lista negra bancária. A segunda é a mais viável: os juros do cartão de crédito andam na casa dos 12,5% ao mês, no cheque especial paga-se 8% ao mês e finalmente no CDC bancário podemos conseguir – dependendo do banco – taxas de 2,8% ao mês. Somadas as dívidas com os cartões e mais as do cheque especial tomamos empréstimos pelo CDC e fizemos a quitação junto as operadoras e as instituições bancárias.

            Para exemplificar: R$1.000,00 devidos ao cartão de crédito você amortiza R$200,00 e fica devendo R$800,00; no mês seguinte você está devendo R$908,00 e amortiza mais R$200,00 para no mês seguinte estar devendo R$803,60. Sabe quando termina de pagar? Em não menos do que seis anos. Já no CDC você toma R$1.000,00 para quitar sua divida em 48 parcelas, serão R$49,20 mensais a uma taxa média de 3,15% ao mês. Viram a diferença? No cartão você amortiza R$200,00 mensais elevará mais de 72 meses para quitar sua dívida; a mesma dívida pelo CDC será liquidada em 48 meses e vai lhe custar cerca de R$2.300,00 que são equivalentes a 12 amortizações do cartão de crédito. O mesmo raciocínio vale para o cheque especial.

            Sanadas as dívidas bancárias e com cartões de crédito é necessário você saber que estes recursos são emergenciais e não recursos para o dia a dia. Tomem estes recursos somente em último caso. Até mesmo usar o cartão de crédito para liquidá-lo no vencimento e a vista é perigoso e só deverá ser utilizado se na hora da compra os recursos já estiveram em seu poder e forem separados para amortizar a despesa.  Cartão de crédito é cômodo, porém perigosíssimo.

            Segundo passo na árdua tarefa que recebi: reunião familiar para descobrir o que era supérfluo na família. Todos na sala; coloquei uma caixinha em cima da mesa e distribuí aos quatro pedaços de papel para que cada um escrevesse quais gastos consideravam supérfluos. Surpresa foi ver os pedaços de papel acabarem nas mãos da família. Mais papéis. Claro que as letras de cada um são facilmente identificáveis; mas a dinâmica daquela sessão era que o inconsciente de cada um imaginasse que tudo era anônimo. Então a caixinha rodou de mão em mão, cada um retirava um papel por vez e em voz alta lia o que estava escrito. Encontramos de tudo. A proposta então era de que 1/2 daquilo considerado gasto supérfluo fosse suspenso por seis meses. Proposta aceita, lista feita, como controlar? Um caderno foi colocado sobre a mesa e ao final do dia todos escreveriam ali o que gastaram neste dia, despesa a despesa, centavo a centavo e em rígida disciplina familiar as despesas seriam analisadas uma por uma por todos e em conjunto decidiram o que era supérfluo e poderia ser cortado. Pelo que me contaram até o cafezinho do pai foi cortado. E porque citei o cafezinho. Você pensa que ele não é supérfluo veja só: em média um cafezinho está custando R$1,50 então por mês seriam R$33,00 e por ano R$396,00 isto se for apenas um cafezinho por dia. Considerem agora o quilo do café a R$15,00 e o de açúcar a R$5,00 quantos cafezinhos confeccionamos com estes dois quilos? Se você adquirir uma cafeteira, que pode ser encontrada até por R$30,00 no mercado, e passar a produzir em seu próprio ambiente de trabalho é uma economia brutal.

            Muitos outros gastos foram cortados ou reduzidos, as saídas semanais para jantar fora viraram mensais, ao invés de caros restaurantes passou-se a frequentar restaurantes de preço mediano; em alguma coisa a mudança deste hábito prejudicou o ambiente familiar? Claro que não, todos passaram a dar mais valor ao dinheiro e a convivência familiar.

            Nas reuniões familiares durante alguns meses me fiz presente em uma ou duas, aconselhando, analisando e incentivando.

            Ontem, passados mais de um ano, para minha surpresa os 4 estiveram em meu escritório para agradecer e comentar que a família estava sem dívidas porém mantiveram o que propus a eles, como forma agora de incentivar a poupança familiar.

            Esta foi a maior recompensa por um trabalho que fiz sem remuneração; a felicidade e o prazer profissional que foi ver, de alguma maneira, aquela família novamente feliz e que por um fio esteve a ponto de se dissolver.


            Pratique você também a economia familiar.

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