Nada
é pior do que o complicado regime tributário do país e sua sopa de letrinhas em
todas as esferas de governo; as principais sopas de letrinhas municipais são
ISSQN, IPTU e ITBI; no âmbito estadual as principais combinações de letrinhas
são o ICMS, ITB e IPVA; já em referencia a receita nacional - favor não
confundir com a RFB - surgem a maior variedade de letrinhas
combinas e algumas deles, já que todas arrecadam muito, são o IRPF, IRPJ, CSSL,
PIS, COFINS, II, IPI e tantas outras.
Sim,
existe algo pior do que a sopa de letrinhas do complicado regime tributário
nacional e é para o cidadão brasileiro: é ele quem paga todos os impostos
existentes no Brasil; o mortal contribuinte brasileiro trabalho do início de
janeiro ao final de maio apenas para alimentar a saga arrecadatória dos
governos federal, estadual e municipal.
É
um engano pensar que as empresas brasileiras pagam impostos no país, tudo é
repassado para o mortal cidadão que já é massacrado pela tabela de contribuição
ao imposto de renda na fonte, defasada ao ponto de um servente e pedreiro da
construção civil recolher IR.
Acham
que estou exagerando?
A
recente lei, agora adiada sua implantação para junho de 2014, que obriga o
destaque dos impostos recolhidos sobre as notas fiscais de mercadorias e serviços
vai mostrar quando você está pagando de imposto embutido no preço destes
produtos e serviços; as empresas serão simples repassadoras destes impostos
pagos pelo cidadão. São os chamados tributos de incidência direta.
Como
eu disse é um engano pensar que as empresas brasileiras pagam impostos no país.
Nas planilhas de custos de todas as empresas existem rubricas para que sejam
calculados os chamados impostos indiretos que serão agregados também aos
indiretos na composição do preço final. O ISS, IRPJ, PIS, COFINS e CSSL assim
como o INSS, FGTS tem seus valores agregados ao preço final de um serviço ou
produto e são repassados também ao consumidor.
Assim,
o cidadão brasileiro é o único contribuinte que de fato existe no país. O que
sobre para as empresas recolher são apenas os resíduos pontuais de cada
imposto, nada que coma além de 0,3% do lucro das empresas.
Falo
isto com conhecimento de causa pois como contador trabalho bastante com
contabilidade de custos, área pouco comentada no meio da nossa contabilidade
pois é uma área de auxílio para empresas dos mais variados ramos em atividade no
país.
Com
o crescimento das empresas e o aumento da distância entre os administradores e
ativos e pessoas administradas, a contabilidade de custos passou a ser uma
eficiente forma de auxílio no desempenho da missão gerencial.
É
comum em notícias divulgadas pela mídia a expressão: “governo estuda diminuir
impostos para reduzir custos”. É a chamada desoneração fiscal tão em voga
ultimamente. A simples expressão que apresentei por si só nos mostra que se
diminuir impostos reduz os custos da produção é porque estes tributos são
repassados ao consumidor final. Todos os impostos são repassados, nenhum escapa.
Empresa não paga imposto, apenas recolhe.
Não
é cruel?
Uma
proposta simples acabaria com as desigualdades do regime tributário brasileiro
e com toda a burocracia impostas as empresas com obrigações acessórias e que
também tem os custos repassados ao consumidor final. DECLAN mensal, DCTF
mensal, DIPJ anual, EFD-Contribuições mensal, EFD anual e infinitas outras
obrigações acessórias deixariam de ser apresentadas, o governo manteria o fisco
minimamente e apenas como instrumento fiscalizador de mínimas obrigações.
Mas
que proposta é esta?
A
proposta é a eliminação de todos os impostos existem no país – apenas as
contribuições para a previdência social e o recolhimento do FGTS sobre a folha
de pagamento seriam mantidas – nos três níveis de arrecadação, federal,
estadual e municipal. Em lugar desta parafernália de impostos seria criado o
imposto único sobre movimentação bancária onde seriam cobrados apenas dois por
cento sobre o valor de cada saque, transferência entre contas de titulares
diferentes ou cheque descontado, sejam estes na boca do caixa ou por intermédio
da compensação. Óbvio que a lei determinaria o fim dos endossos e todo cheque
terá que ser nominal.
O
volume de dinheiro arrecadado seria maior que a arrecadação de todos os
tributos existentes hoje no país e em simples análise poderíamos dizer que
arrecadariam mais os governos federal, estaduais e municipais e recolheriam
menos os contribuintes nacionais, além de vermos todos os preços baixando
assustadoramente; automóveis, por exemplo, ficariam de 55% a 70% mais baratos já que esta é a carga
tributária que incide sobre os automóveis.
A
arrecadação seria centralizada e repassada aos governos estaduais e municipais
de acordo com índices efetivos de participação; municípios sem grandes volume
de participação não ficariam desamparados, pois continuariam a receber os benefícios
que recebem hoje através do FPM – fundo de participação dos municípios.
E
não se implanta por quê?
Simples
a resposta. Interessa a quem um sistema simples e honesto de arrecadação?
É
para se pensar.