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Niterói, Rio de Janeiro, Brazil


Formado técnico em contabilidade no ano de 1972 e bacharel em ciências contábeis no ano de 1991.

Auditor certificado pelo CRC-RJ.

Carreira profissional iniciada do PRODERJ, seguindo-se CRUZEIRO DO SUL e VARIG.

Atualmente lidera o time de profissionais da NITSERVICE - Niterói Serviços Empresariais Sociedade Limitada (marca fantasia: Consultoria Rio Apa).

Possui diversos trabalhos de interesse publicados em revistas especializadas.

Participou e participa ativamente em cargos de direção de associações civis com detaque para as seguintes: Iate Clube Icaraí, Federação de Vela do Estado do Rio de Janeiro, Rio Vela Clube, Iate Clube de Ramos, União dos Escoteiros do Brasil - Região RJ e Associação dos Veleiros da Classe Sharpie.

terça-feira, 24 de maio de 2011

A Revolta das Barcas

O mês de maio, mais precisamente o dia 22, marcou os cinquenta e dois anos da revolta das barcas.

Para os mais novos, conto que este episódio se caracterizou por uma barbárie jamais vista na cidade de Niterói; a multidão em fúria se posicionou contra mais uma greve do serviço das barcas Rio-Niterói; incentivada por desordeiros profissionais e até políticos de carreira; a estação das barcas (prédio muito semelhante ao da Praça XV em sua arquitetura) foi incendiada.

Autolotações foram lançadas ao mar; prédios públicos foram depredados e, seguindo-se aos saques nas residências dos proprietários das empresas que faziam a travessia da baía de Guanabara foram estas incendiadas, tudo com a complacência do governo.

No conflito, ou tumulto como preferem alguns até hoje, diversos comerciantes perderam todo o seu negócio; perderam ponto, móveis, utensílios e estoques, o que de uma hora para outra os transformaram nas maiores vítimas do descaso promovido pelas autoridades federais e estaduais daquela época. Digo descaso, pois desde a véspera tanto o governo federal, quanto os seus opositores estaduais (Guanabara e Rio de Janeiro) já haviam tomado conhecimento dos conflitos que estavam por acontecer e nenhuma providência foi tomada: eram governos antagônicos entre si, na velha e histórica rixa entre a UDN e o PTB.

Foi a cinquenta e dois anos; e por que relembro o episódio?

Apenas para recordar que naquele ano de 1959 a economia estava em franco progresso, um período que foi considerado o grande milagre brasileiro, com o governo federal prometendo realizar em cinco anos mais do que fora realizado nos cinqüenta anos que antecederam ao governo JK, o então presidente da república.

Pior foi ver o então governador do antigo estado do Rio lavar suas mãos como fez Pilatos ao proferir as fáticas palavras: “Se pertence ao povo então ele pode destruir”. estas palavras, do então governador Roberto Silveira, foi a senha para a turba destruir tudo a sua frente.

Hoje, com a economia não tão ativa assim, com o desemprego graçando em nossa sociedade, com a violência atormentando nosso cotidiano, com o constante antagonismo entre comércio legalizado e comércio ambulante, com a inflação voltando a vater em nossas portas, com a violenta rivalidade entre transporte concedido (legal) e transporte alternativo (pirata), com o povo sem crédito e sem perspectivas de melhora em curto prazo, o cenário se mostra muito favorável a uma nova revolta das barcas e por que não projetar esta nova revolta nas proximidades do mesmo local de cinquenta e dois anos atrás; já que nos dias de hoje é ali que se concentram comércio e transporte ilegal, trombadinhas, trombadões e desocupados misturados em um espaço pronto para manifestações políticas das mais diferentes vertentes e ideologias.

 O cenário para uma nova revolta das barcas está pronto e faltando apenas uma pequena centelha para que o pavio curto do povo se dirija rapidamente ao barril de pólvora que se torna a região, aliás, como já aconteceu recentemente com a guerra entre ambulantes e guarda municipal.

Corrobora para isto os péssimos serviços que são prestados pela atual concessionária: faltam embarcações, as poucas que existem são desconfortáveis e sempre lotadas, as barcas não saem jamais nos horários programados, as filas são enormes, o preço exorbitante.

Alia-se a isto o mafuá que se transformou o terminal rodoviário, se é que se pode chamar aquilo de terminal rodoviário, onde o que menos importa é o conforto do povo e o serviço que devia ser prestado. Ali o negócio é o lucro exorbitante que é auferido pela empresa que explora o espaço.

Pequenos conflitos já ocorreram como se a anunciar uma grande guerra e nossos dirigentes nada fazem para mudar este estado de agonia do povo niteroiense que se vê obrigado a utilizar diariamente esta porcaria de serviço que nos proporciona a Barcas S/A.

Tomara que eu esteja errado.


Este artigo é uma homenagem ao Sr. Bernardino d´Almeida (antigo proprietário do Restaurante Miramar – incendiado em 1959 na revolta das barcas que faleceu em 2009 sem receber uma única indenização sequer)

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